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Channel: Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
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Cidade Saudade (Mucuripe) - Por Nelson F. Bezerra

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O competente fotógrafo Nelson Figueiredo Bezerra, durante os anos 70/80, fez diversos registros da cidade de Fortaleza, uma foto mais linda que a outra!
Gentilmente, ele me enviou fotos do nosso querido bairro Mucuripe, feitas nessa época e com o olhar sensível, que só o Nelson tem!

Vendedor ambulante montado em seu jumentinho e ao fundo vemos lavadeiras e as dunas alvas do Mucuripe. Os outdoors estão em frente o Iate Clube.

 Carroceiro Vendendo água Iontec das dunas do Mucuripe.

Abastecendo carroças com água pura das dunas. Outdoors em frente ao Iate Clube.

Recolhimento das carroças com água pura das dunas.

 Vista do alto das Dunas ao Entardecer, vendo-se o Cais do Porto, Moinhos e terminais.

Dunas ao Entardecer

Abastecimento de água para as turmas da estrada de ferro, das carroças para os moradores do Castelo Encantado e Beira-Mar, com água pura das Dunas em frente ao Iate Clube.

Início das invasões das dunas

Início das invasões das dunas

 Dunas - Outdoor em frente ao Iate Clube

                                                                                                             Colaborador:
Nelson F Bezerra (Fotógrafo) 


Cidade Saudade (Mucuripe) - Por Nelson F. Bezerra (Parte II)

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O competente fotógrafo Nelson Figueiredo Bezerra, durante os anos 70/80, fez diversos registros da cidade de Fortaleza, uma foto mais linda que a outra!
Gentilmente ele me enviou fotos do nosso querido bairro Mucuripe, feitas nessa época e com um olhar sensível, que só o Nelson tem!


Enseada do Mucuripe e o bairro Varjota - 1974

Encontro das avenidas Beira-Mar e Abolição - 1974

1969 - Estátua de Iracema, obra do artista pernambucano José Corbiniano Lins - Praia do Mucuripe

1969 - Fabricação de Manzuás - Armadilhas para captura da lagosta

Anos 70 - Farol do Mucuripe
O farol teve importante função para ocupação dos territórios cearenses, orientando as embarcações que chegavam ao porto.

Anos 70 - Praia do Mucuripe
Procissão marítima durante a festa de São Pedro

Anos 70 - Praia do Mucuripe
Procissão marítima durante a festa de São Pedro

Anos 70 - Partilha dos peixes entre os pescadores

Anos 70 - Praia do Mucuripe


  Colaborador:
Nelson F Bezerra (Fotógrafo)

Carnaval na Fortaleza de outrora

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O carnaval de Fortaleza teve início no final do século XIX, com o carnaval de rua, mas foi proibido por um período, em 1905, pelo intendente Guilherme Rocha. Nos desfiles da época eram comuns pessoas fantasiadas de Papangus e dominós¹. Havia também os caboclos remanescentes dos indígenas de Porangaba (atual Parangaba).
Nas décadas de 1910 e 1920, as marchinhas alegravam os enormes salões dos clubes da capital cearense.
Na década de 1930, o carnaval de rua começou a se tornar mais popular, quando blocos foram formados por músicos, comerciários e trabalhadores, denominados "brincantes", com a orquestra na retaguarda. Na frente  ficava sempre um baliza, que fazia acrobacias com bastão. Mais tarde sugiram os blocos que dançavam ao som de samba, sendo o primeiro o PROVA DE FOGO, seguido da Escola de Samba Lauro Maia (Mais tarde Escola de Samba Luiz Assunção). Por falar em bloco, não podemos esquecer do Cordão das Cola-Colas, oMaracatu AZ de ouro, Enverga mas não quebra, Bloco Zombando da lua, Os enviados de Alá, Maracatu Estrela Brilhante, Maracatu AZ de Espada, Nação Fortaleza, Leão Coroado, Rei de Paus, Vozes da África e tantos outros.


De volta aos clubes sociais, estes simbolizavam o refinamento na convivência social, a beleza na alegria de viver. Na Fortaleza de outrora nascei até uma rivalidade entre oClube Iracema e o Clube Cearense, competindo na ostentação dos desfiles carnavalescos e na decoração de seus enormes salões.



Com o tempo, novos clubes surgiram e deixaram de ser frequentado apenas pela elite, ficando cada vez mais populares e acessíveis. Com uma maior quantidade de clubes, era comum o folião cearense ir brincar o carnaval em um clube diferente a cada dia. A programação do carnaval era agitada. No sábado "magro" (que antecedia o carnaval), a folia era no Náutico. Na sexta de carnaval, a festa ficava por conta do Iate clube. No sábado de carnaval, conhecido como "sábado gordo", a festa era no Ideal. No domingo, muitos iam curtir no Líbano. Já a segunda era reservada ao Country Clube, ficando a terça para encerramento no Náutico Atlético Cearense.





Para recordar os nostálgicos carnavais no clube Iracema, Ideal, Iate, AABB, Diários, Líbano, Massapeense, Jangada Clube, Comercial Clube, BNB, Maguari, Clube de Regatas e tantos outros, é que o Náutico promove anualmente o seu tradicional CARNAVAL DA SAUDADE
Então vista sua fantasia e caia na folia!!!






Os dominós usavam uma batina com capuz enfeitada de guizos de cores diversas. 
Os guizos são pequenos objetos oco de metal ou feito de um pequeno fruto seco, aproximadamente esférico, no seu interior possui uma ou mais bolinhas maciças (podem ser as próprias sementes do fruto) que, ao ser agitado produz um som, como de chocalho.


Prova de Fogo, o bloco carnavalesco mais antigo da capital, completou 85 anos

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Em 21 de janeiro de 1935, os sargentos do Exército, Otacílio Anselmo e Silva (Escritor e componente da Banda de música do 23º BC), Carlos Alenquer e Luís Freitas, juntamente com os comerciários Alderi Pereira e Edson Viana Maranhão, fundaram o 1º bloco de Carnaval de Fortaleza, o “Prova de Fogo”. 
Tradição do Carnaval alencarino, o bloco completou, nesse ano de 2020, 85 anos.
Como bem disse Antônio Marrocos Anselmo, querido amigo, pesquisador e amante das artes e da cultura, são 85 anos de existência e resistência!

O bloco na década de 50/60. Arquivo Nirez

Assim como outras cidades, Fortaleza conheceu o carnaval dos entrudos, das batalhas de confete e serpentina, dos bailes em clubes elegantes, dos desfiles de carros luxuosos e das apresentações de manifestações populares nas ruas, como os blocos de Carnaval, de pré-carnaval e os maracatus.

Arquivo Nirez

O bloco Prova de Fogo fez e faz tanto sucesso que inclusive foi citado na música 'Bati na Porta', de Lauro Maia, gravada pelo grupo musical “Quatro Ases & um Coringa”, pela Odeon.

Saiba mais sobre o Prova de Fogo AQUI

Samba Enredo do Prova de Fogo de 2014


Fortaleza 294 anos

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Em 13 de abril de 1726, Fortaleza era elevada à categoria de vila...


Para comemorar a data, fiz esse vídeo, um pequeno resumo, especialmente pensando nas nossas crianças, pois é pensando no hoje que construímos nosso futuro, inclusive o futuro da cidade! :)


A saga de Rodolfo Teófilo no combate a varíola

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Rodolfo Teófilo foi um grande farmacêutico, que presenciou toda a trajetória da terrível epidemia de varíola que o Ceará jamais tinha visto que foi a de 1878. Indignado por conta do descaso do poder público, ele se propõe a combater a varíola com os próprios recursos. Tendo aprendido a produzir a vacina ele passa a imunizar a população pelo sertão a fora, montado em um cavalo, tenta barrar a proliferação da doença. Vacina esta que foi descoberta em 1796, pelo médico inglês Edward Jenner. Este fato repercutiu por todo o mundo civilizado, que há séculos perdiam vidas por conta da varíola.







Crédito: Seara da Ciência
Pedro Magalhães (Professor da Faculdade de Medicina da UFC)


Theatro José de Alencar - 110 anos

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Este ano, o nosso belíssimo TJA completou 110 anos. Para comemorar a data especial, posto para vocês um pequeno dossiê que fiz, contando um pouco dessa trajetória.

O theatro em construção em 1910. Acervo Lucas
Vemos o Batalhão de segurança ao lado do recém-inaugurado 
Teatro José de Alencar. Foto de 1911.


Referência artística e turística, o Theatro José de Alencar desempenha importante papel na vida cultural de Fortaleza.
Um dos maiores símbolos da cultura cearense, o nosso “Theatro” preserva no nome, a grafia de outrora. Tão grandiosa quanto às apresentações que entram em cartaz no José de Alencar, é a sua estrutura. O nome é uma homenagem a um dos maiores escritores do Ceará.
Na segunda metade do século XIX, passou-se a reivindicar das autoridades, um teatro oficial para a Fortaleza, visto que as nossas casas de espetáculos tinha existência efêmera. A atividade teatral era movida por grupos amadores.


Recém inaugurado em 1913.



Em 1894, ocorre o lançamento da pedra fundamental pelo presidente do Estado Coronel Bezerril Fontenele, que fincou sua fundação no centro da Praça do Patrocínio (posteriormente Praça Marquês do Herval e hoje Praça José de Alencar). O primeiro projeto foi de lssac Amaral e Roberto GO Bleasby e deveria ser construído sobre os alicerces de uma antiga obra que deveria ter sido um mercado a qual havia sido abandonada. Em 1896, o Presidente rescindiu o contrato da construção e submeteu a obra a exame, sendo a mesma condenada. O presidente decidiu então mandar construir a versão atual no local onde Adolfo Herbster havia projetado o Teatro Santa Tereza, em 1864, área que estava servindo de pátio para os cavalos do Batalhão de Segurança, cujo quartel ocupava a área, hoje, utilizada pelos Jardins do Teatro.

Rua Liberato Barroso, vendo-se o theatro. Foto provavelmente da década de 40.

A opereta ‘A Valsa Proibida’ mobilizou a cidade nos anos 40, quando estreou sua temporada no Teatro José de Alencar.

A opereta ‘A Valsa Proibida’ do cearense Paurillo Barroso em 1964.
Em 1904, no Governo de Nogueira Acióli, foi oficialmente autorizado à construção do Teatro José de Alencar, através da lei n° 768, de 20 de agosto. Dois anos depois, em 06 de outubro de 1908, tiveram início às obras, quando a belaestrutura metálica, importada da Escócia, já se apresentava exposta em praça pública depois de cruzar o Oceano Atlântico. A direção da obra ficou a cargo deRaimundo Borges Filho, oficial do Exército - Comandante do Batalhão de Segurança do Estado e genro do Presidente do Estado, Nogueira Acióli. A execução coube a Walter Mac Farlanes & Co e Serrancen Fondri,de Glascow, Escócia. O engenheiro responsável pela elaboração da planta foi o Militar Capitão Bernardo José de Melo, devidamente autorizado pela Assembleia Estadualpor força da Lei n. 768, de 20 de agosto de 1904. A estrutura metálica deveria ter fachada em estilos Art Nouveau e Coríntio, segundo os preceitos dos chamados "teatros-jardins".
Acervo Assis Lima
A festa de inauguração aconteceu numa linda sexta-feira, dia 17 de junho de 1910, com direito a Concerto apresentado pela Banda Sinfônica do Batalhão de Segurança, sob a regência dos Maestros Henrique Jorge e Luigi Maria Smido, discurso proferido por Júlio César da Fonseca - orador oficial do Instituto do Ceará, apresentações culturais e show pirotécnico - Na praça, morteiros, foguetes, rodas de fogo e girândolas num milagre pirotécnico, abrilhantaram a festa.

Foto provavelmente da década de 40.

Antigamente, o espaço compreendido da rua Liberato Barrosoentre arua General Sampaio e a rua 24 de Maio (lado sul da praça), era ocupado por duas instituições, oBatalhão de Segurança (Polícia Militar) e a Escola Normal Pedro II - Prédio hoje ocupado pelo IPHAN, até que em 1908, parte do prédio do Batalhão de Segurança foi cedida pelo Governo do Estado para a construção do teatro.
O primeiro espetáculo foi apresentado no dia 23 de setembro de 1910, pela Companhia Dramática Lucile Perez, com a peça “O Dote”, deArtur Azevedo. O público lotou o teatro e os artistas foram muito aplaudidos.

Arquivo Assis Lima
Centro de Saúde ao lado do TJA
O José de Alencar foi projetado para ser um teatro-jardim, mas o jardim propriamente dito, só foi construído em 1975 - 65 anos após a inauguração do teatro, em uma das reformas pelas quais passou o equipamento. O jardim ocupa todo o espaço vizinho ao Teatro, na ala leste, em área que já sediou oQuartel de Cavalaria de Fortaleza e um Centro de Saúde Barca Pelon, demolido em 1973.

O Centro de Saúde que foi demolido em 1973, para a construção do jardim do teatro.
Jornal Correio do Ceará de 8/01/1959. Manchete: Farras Carnavalescas no Teatro. Concorridas Eleições de 1958, descaracterizaram o nosso TJA. Acervo Lucas

A estrutura possui duas fachadas: a primeira em estilo eclético, mas com predominância do neoclássico, e a outra em Art Nouveau, que chama atenção pelos belos vitrais coloridos. Na boca de cena, acima das cortinas, estão pintados personagens de José de Alencar. Outros dois prédios em anexo - incorporado na reforma realizada nos anos 90, fazem parte da estrutura do Teatro José de Alencar.

Registro dos anos 60. Arquivo Nirez


Registro de 1962. Acervo Lucas
No primeiro bloco, temos a sala do foyer com capacidade para 120 pessoas, no segundo, a sala de espetáculos propriamente dita apta a receber 800 pessoas, uma sala de aula transformada em espaço cênico, com capacidade para até 120 pessoas, a Sala de Teatro Nadir Papi Saboya, um palco a céu aberto, com capacidade para até 1,2 mil pessoas, um teatro de bolso com 90 lugares, o Teatro Morro do Ouro e um palco a céu aberto, com capacidade para até 350 pessoas, além da Praça Mestre Pedro Boca Rica.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1987, o Teatro José de Alencar passou por algumas reformas no decorrer dos anos:

  • 1918 - Recebeu instalações elétricas, trocou o piso de betume, do espaço até então usado como jardim, por ladrilhos hidráulicos e foram agregadas duas escadas internas, semelhantes às já existentes - Fundidas no Ceará.
  • 1938 - Passa por restauração, orientada pelo engenheiro José Barros Maia.
  • 1957 - As cadeiras com assentos de palhinha (estilo austríaco) são substituídas por poltronas de estofamento plástico.
  • 1974 - Completamente restaurado (Recomposição da estrutura metálica, das cadeiras de palhinha, que retornam ao seu lugar de direito, e o acréscimo do jardim lateral a leste do edifício, com projeto paisagístico do arquiteto Roberto Burle Marx).
  •  1991 - Houve a recomposição do jardim e instalação de espaço cênico ao ar livre para apresentação de espetáculos. Como parte desta reforma foi construído do lado oposto ao jardim um prédio anexo, com dependências administrativas. No anexo funcionam um auditório para 100 pessoas, a Galeria de Artes Ramos Cotoco, biblioteca especializada, bar e cozinha industrial. No pátio um palco ao ar livre onde são apresentados espetáculos produzidos pelo teatro.
  • 2013 - 22 anos depois da última reforma (que começou em 1989, durando dois anos), o Teatro, que por falta de manutenção se encontrava com a estrutura enferrujada, piso desgastado e portas e janelas quebradas, teve toda a pintura recuperada, incluindo também alvenaria, estruturas de ferro, revestimentos, pisos, portas, janelas, revisão elétrica e hidrossanitária, requalificação dos jardins e do sistema de prevenção de incêndio. O valor estimado foi de R$ 2.338.198,83, provenientes do Tesouro Estadual.
Reforma do Teatro José de Alencar em 1975. Arquivo Assis Lima
Por ser considerado um importante Monumento Nacional, o teatro recebeu tombamento federal ainda em 1964, mas somente foi inscrito no Livro do Tombo das Belas Artes em 1987 - Processo nº 650-T-62, Livro do Tombo das Belas-Artes, fl. 87, inscrição nº 479, data: 10.08.1987.

O corpo da sala de espetáculos é todo de aço e ferro fundido, com três pavimentos além do térreo, onde ficam a plateia, as frisas, camarotes, torrinhas, balcão e elegantes escadarias.  
Na parte superior da fachada, observamos a face alegre de Baco, deus grego do vinho e inventor do teatro, ladeado por duas musas e no andar superior, salão nobre ou foyer, dois anjinhos (Cupido e Psiqué), no frontal da porta principal, representando a união do corpo e da alma.

Postal Teatros Brasileiros de 06/12/1978.

Em seu interior, encontram-se raras pinturas do cearense Ramos Cotoco -pintou os nomes das obras de José de Alencar sobre as grades das frisas e as figuras femininas no teto da sala de espetáculos, do pernambucano Jacinto Matos - pintou os florões no forro da sala de espetáculos, da artista paraense Paula Barros - pintou os retratos de Carlos Gomes e de José de Alencar, além da representação das três artes – pintura, música e drama – na cúpula oval da sala de espetáculos, do carioca Rodolfo Amoedo, que foi aluno de Victor Meireles e professor de Portinari - pintou a moldura circular, acima do Pano de Boca, de João Vicente - pintou as imitações de mármore nas paredes da Boca de Cena e do cearense Gustavo Barroso, escritor e historiador, que auxiliou o arquiteto mineiro Herculano Ramos na pintura do 1º Pano de Boca, representando o encontro de Iracema com o Guerreiro Branco.

História em fotos:


Exposição da nova frota de carros Packard, do Posto Mazine, em 1939, em frente o TJA.

Desfile de um dos Packard.


O Teatro José de Alencar funciona de terça a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 17h. Sábados e domingos, das 13h às 17h.

Memórias de menina - Por Marconi Simões Costa

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Maria de Lourde da
Costa Jatahy aos
15 anos.
Nascida em 23 de março de 1909, minha avó adorava contar as histórias da nobre Fortaleza de sua infância. Ela morria de rir contando as vezes em que, montada em seu cavalo Medalhinha (ele tinha uma marca de nascença em sua testa, lembrando uma medalha) e acompanhada de sua inseparável amiga Francisquinha Valente, elas faziam questão de passar a galope pelos fundos do Colégio Militar, na Aldeota, bairro onde moravam, torcendo para os meninos do colégio chutarem alguma bola na direção dos cavalos. Quando isso acontecia, o arredio Medalhinha dava uma upa e jogava-lhe no chão de areia fofa da rua que ainda passa nos fundos do colégio. Era tudo o que ela queria, pois, imediatamente os meninos do Colégio Militar pulavam o muro do colégio e, enquanto alguns corriam para pegar o cavalo, outros se prontificavam a acudir as duas. E elas viam nessa situação o momento perfeito para flertar com os rapazes...


Pais de Mª de Lourdes: Carlos Jatahy e
D. Benvinda da Costa Jatahy
Minha avó sempre fazia questão de frisar que ela e Francisquinha Valente eram ótimas amazonas. Entretanto, elas montavam de lado, num ginete, com as pernas fechadas e saias, como cabia às moças da época. Elas cavalgavam com roupinha de marinheiro, posto que mulheres ainda não usavam calças. Mas ela contava que havia uma outra conhecida dela, também amazona, que usava calças. Teresinha Sabóia, creio eu que era esse seu nome, tinha morado nos Estados Unidos e voltou para Fortaleza chocando a conservadora sociedade da cidade. “Meu filho, ela montava de frente, igual a homem, escanchada, de pernas abertas e vestindo calças. Um horror!”, dizia minha avó, horrorizada com a modernidade da colega.


Bodas de Diamante dos avós paternos de Maria de Lourdes Jatahy Simões, que aparece tímida, com 15 anos de idade e pastinha cobrindo-lhe a fronte (1ª foto desta postagem). No canto inferior direito da imagem, vemos que a foto foi tirada em 24 de junho de 1924, na cidade de Fortaleza, onde Maria morava com seus pais, o casal destacado na 2ª foto desta postagem: Seu Carlos Jatahy e Dona Benvinda da Costa Jatahy.
Passe de bonde de 1945. Acervo Clóvis Acário Maciel
Ela também se divertia contando que gastava o talão de passes estudantis do bonde antes do fim do mês. Sempre com sua inseparável amiga Francisquinha Valente, elas faziam questão de torrar os bilhetes logo que o recebiam, indo várias vezes até o final da linha. E, como ela bem gostava de ressaltar: “Viajava pendurada nos estribos do bonde e, sem esperar o bonde chegar no terminal, saltava antes de sua parada total”, me explicava e — ignorando suas muitas décadas de vida — demonstrava como fazia para saltar de um bonde em movimento.


Estamos na Avenida Santos Dumont em 1940. Ao longe é possível avistar o bonde. Provavelmente seja o cruzamento com a Av. Rui Barbosa. Foto: O Cruzeiro/ Acervo Lucas
 Rio Cocó, em 1964.
Sempre montada no Medalhinha, minha avó saracoteava pelos quatro cantos da nobre Fortaleza. Ela gostava de ir na Mata do Cocó ver as lavadeiras com suas cantorias e suas assustadoras histórias de trancoso. Às vezes ela via essas lavadeiras passando pela Aldeota, indo ou vindo para o Cocó, sempre cantando as músicas que a impressionaram.


Bonde prefixo 126, Benfica, lotado, em 1940. Acervo Lucas
Bangalôs na Aldeota em 1937. Acervo Lucas
Minha avó teve uma vida muito tranquila. Certa feita, em viagem pela então capital federal, seu pai comprou um bilhete de loteria no Rio de Janeiro e, ao desembarcar do navio em Fortaleza, descobriu que o bilhete estava premiado. E teve sua vida transformada. 

Com o dinheiro do prêmio, ele abriu uma tipografia. Também comprou uma casa de um quarteirão inteiro na já nobre Aldeota. A casa era tão grande, que tinha espaço para guarda do cavalo Medalhinha, que era muito bem cuidado pela minha avó. Ela fazia questão de picar a comida do cavalo bem miúda pois, segundo ela, o empregado da casa, o escravo liberto Nego Marcolino, não sabia cortar no tamanho correto. 


Aldeota em 1935. Acervo Ápio Pontes
Acredito que esse dinheiro tenha alçado a família às altas rodas da sociedade fortalezense de então. Minha avó contava que um conhecido de seu pai — do qual não lembro o nome — os recebia em casa com sorvete feito numa máquina de sorvete que tinham em casa. Ela também lembrava das vezes que acompanhando o pai, ainda menina, travou contato com o coronel José Gentil, cujo solar hoje é ocupado pela reitoria da Universidade Federal do Ceará.



Palacete do coronel Gentil, atual reitoria.
O conforto alcançado por seus pais foi tamanho que ela e seus irmãos passaram a contar com aulas de inglês em casa. Mr. Door era o professor, nativo de país de língua inglesa (confesso que não consigo lembrar qual era o seu país de origem...). Entretanto, minha avó não estava muito disposta a sentar ao lado do docente da língua de Shakespeare. E, com isso, reclamando que ele tinha um bafo insuportável de café, ela e seus irmãos se esquivavam sempre das aulas. Um dos irmãos que lhe acompanhava na resistência contra Mr. Door era José Patápio da Costa Jatahy, homenageado em 2010, quando teve a Avenida Poeta José Jatahy batizada com seu nome.

Avenida Santos Dumont - Aldeota, em 1957.
A família, com a fortuna do bilhete de loteria, passou a frequentar as animadas noites do Clube Iracema, na Praça do FerreiraEla sempre ia com seu pai e fazia questão de, orgulhosa, dizer: “A primeira valsa meu pai sempre dançava comigo, e não com minha mãe. Meu pai dizia que eu dançava muito bem”. As noites do Iracema deviam ser realmente muito sofisticadas. Minha avó contava que sempre tinha orquestra ao vivo tocando valsas, foxtrotes, charleston e, eventualmente, tangos, a que ela se referia como argentinos. Inclusive, o ritmo portenho era um de seus grandes desgostos: “Só tem duas coisas que eu não sei dançar: o argentino e o passo”, referindo-se ao tango e ao frevo pernambucano.


Restaurante do Clube Iracema, no Palacete Ceará. Foto dos anos 20. Arquivo Nirez
Um baile no Clube Iracema
Entretanto, esse fausto foi infinito enquanto durou. Viciado em pôquer, seu pai apostou — e perdeu — tudo o que tinha construído: a tipografia, a casa, o dinheiro e, para desespero da minha avó, seu cavalo: “Eu quase morri no dia em que meu pai vendeu o Medalhinha!”, lamentava ela, décadas depois, ainda com lágrimas nos olhos.

Não sei com que seu pai trabalhava antes de criar a tipografia mas, com sua falência, passou a ser Prático da Great Western. Imagino que a família deva ter sofrido bastante nesse período de vacas magras. Lembro de — já no início da década de 90 — ter presenciado uma discussão da minha avó com a irmã caçula. Na contenda, a irmã afirmava:“Você não viveu a situação de miséria que os irmãos mais novos viveram! Você não passou fome!”.


Lourdes e o esposo Waldemar Simões
no dia do casamento, em 1925
É importante lembrar que esses relatos acerca da vida da minha avó são anteriores ao seu casamento, aos 16 anos de idade, em 1925. Ou seja, são fatos ocorridos entre o final dos anos 10 e a primeira metade dos anos 20, do século XX. Eventuais imprecisões são culpa unicamente minha, que só me disponho a descrevê-los hoje, em 24 de junho de 2020, exatos 96 anos depois da foto em destaque e 20 anos depois de seu falecimento, completamente baseado em seus vívidos relatos que ainda me vêm à mente.

Quando nasci, no hoje distante ano de 1972, minha avó já contava com 63 anos. Mas sempre foi muito lúcida, até o seu falecimento no ano 2000 com 91 anos de idade. Quando idosa, sua memória para fatos recentes não funcionava bem e muitas vezes fazia confusão entre coisas recentes e histórias antigas. Ao me ver estudando, frequentemente ela me perguntava se eu estava me preparando para o Exame de Admissão, mesmo que eu já tivesse mais de 20 anos de idade e estivesse estudando para alguma prova da faculdade. Se eventualmente faltava energia, lhe vinham à mente os blecautes que Fortaleza sofria à época da Segunda Grande Guerra e a necessidade de ficar em casa com tudo apagado, a fim de evitar eventuais bombardeios de aviões do Eixo sobre a capital cearense.

E ela viveu assim: contando para mim as histórias de sua juventude com todas as cores e intensidade que os fatos mereciam. Infelizmente, essas histórias ficaram no passado e, a fim de que não se percam para sempre no esquecimento, eu faço questão de expô-las nesse importante canal que é o Fortaleza Nobre.


Marconi Simões Costa


Leia também: 



Ferroviário Atlético Clube - O Ferrim

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Em 9 de maio de 1933, nascia o Ferroviário AtléticoClube, fundado por trabalhadores da Rede de Viação Cearense (RVC). Considerado o clube de maior expressão esportiva de raízes operárias do Brasil, o Ferrim, assim tratado por seus apaixonados torcedores, é símbolo da democratização do futebol nacional e precursor do futebol profissional do Ceará.
o clube sempre foi ligado às camadas mais populares do estado, sendo por décadas considerado um "time do povo", levando multidões aos estádios.

Hidroporto da Barra do Ceará
No início da década de 1930, a RVC, antecessora da Rede Ferroviária Federal S/A(RFFSA), instalou oficinas de manutenção de locomotivas, carros e vagões na então distante região do Urubu, precisamente onde hoje é a sede da Transnordestina, sucessora da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), na Avenida Francisco Sá– tal logradouro corresponde à antiga Estrada do Urubu, importante via de comunicação com a Barra do Ceará, onde havia um hidroporto. 

À época, Fortaleza restringia-se praticamente ao seu centro histórico. Naquela área, ao longo dos anos, concentrou-se toda uma população humilde, na maioria fugida da seca, fomes e latifúndios do sertão. Não foi coincidência que, no intuito de servir-se da mão-de-obra barata, representada por essa população carente, nesse local foram instaladas várias indústrias.

Com muitas atividades para executar, a diretoria da RVC determinou a realização de horas extras noturnas, das 18h às 20h, nas citadas oficinas do Urubu, visando a recuperação de mais locomotivas, carros e vagões. Ao final do expediente normal, às 16h25min, os operários mais jovens, sobretudo aqueles que moravam longe, aproveitavam o“intervalo forçado” para jogarem o foot-ball, como chamavam. Assim, se divertiam enquanto aguardavam o tempo passar. Cotizaram o dinheiro para a compra de uma bola e, armados de pás e enxadas, limparam um terreno vazio dentro das oficinas, tirando matos, arrancando tocos e nivelando-o. Para completar a construção do campo, confeccionaram traves a partir de tubos retirados de caldeiras de velhas locomotivas.

1938 - 1º REGISTRO FOTOGRÁFICO DO FERROVIÁRIO
Em pé: José Severiano Almeida (diretor), Oscar Carioca, Procópio, Adelzirio, Dudu, Bitonho, Zeca Pinto (atacantes), Valdemar Caracas (técnico) e Alberto Gaspar de Oliveira (diretor); Agachados: Baiano, Zimba, Boinha (médios), Zé Felix e Popó (zagueiros); Sentados: Gumercindo e Puxa-faca (goleiros). 
Crédito: Site oficial do Ferroviário

Daí em diante, no finalzinho da tarde, tornou-se sagrado o “racha” entre os operários nas oficinas do Urubu. Para maior deleite, improvisaram até dois times, Matapasto e Jurubeba, nomes de ervas, uma homenagem irônica dos proletários aos matos que havia no terreno e que deram tanto trabalho na preparação do campo. Com o sucesso das “peladas” veio a feliz ideia de organizar “algo maior”. Em reunião na casa do mecânico José Roque (o “Gordo”) os boleiros da RVC decidiram unir Matapasto e Jurubeba para formar um time de fato, capaz de jogar pela periferia nos finais de semana e até participar de campeonatos suburbanos. Dentro do óbvio, a equipe recebeu o nome de Ferroviário– apenas Ferroviário, por pouco não sendo chamado também de “Ferrocarril”, a exemplo de outros clubes sul-americanos oriundos de companhias férreas. Escolheu-se ainda um uniforme com listas verticais nas cores vermelha, preta e branca.

Foto de 1945 - Crédito: Site Oficial

Foto de 1946 - Crédito: Site Oficial

As “movimentações esportivas operárias” não passaram despercebidas a Valdemar Cabral Caracas, então influente chefe do escritório de manutenção da RVC e igualmente apaixonado por futebol. Nascido na cidade de Pacoti, interior serrano do Ceará, em 9 de novembro de 1907, deu vida oficial à ideia e destacou-se, portanto, como o principal fundador do, hoje, Ferroviário Atlético Clube. Foi também o primeiro comentarista de futebol do estado, trabalhando na Ceará Rádio Clube, pioneira da radiofusão cearense. Valdemar Caracas faleceu no dia 14 de janeiro de 2013, aos 105 anos de idade.

Foto de 1946 - Crédito: Site Oficial

Foto de 1947 - Crédito: Site Oficial

Foto de 1950 - Crédito: Botões para sempre

Chinês faz o  primeiro Gol do Estádio Presidente
Vargas em 14 de setembro de 1941 
No ano de 1937, o Ferroviário Atlético Clube disputa a Série B do cearense e com sua conquista, assegura a vaga do estadual seguinte. Em seu primeiro estadual com os grandes do futebol local, o Ferrão fica na nona colocação, no total de dezesseis equipes na competição, com um time formado em sua maioria pelos operários da Rede de Viação Cearense. Valdemar Caracas queria ir longe, promoveu o início da profissionalização do futebol cearense, em 1939, trazendo o zagueiro Popó do Great Western de Pernambuco. Era só o começo das primeiras contratações de fora na vida do clube. Também do futebol pernambucano, vieram o craque Zuza e o extrema-esquerda Chinês. Do interior do Piauí, veio o endiabrado Pepê. Mas foi de São Paulo a chegada mais festejada, o centro-médio Miro, titular do Corinthians.

Mascote
Tubarão da Barra já teve inúmeros confrontos inesquecíveis contra outros grandes times nacionais e até contra a Seleção Brasileira, em amistoso preparatório para os Jogos Olímpicos de 1968. Por falar em Seleção, em 1959, Zé de Melo, o primeiro cearense a vestir a camisa amarelinha, pertenceu ao Ferroviário. Depois dele, vieram mais, como Mirandinha e Jardel, ambos formados nas vitoriosas categorias de base do clube. A mesma fábrica que produziu, dentre tantos Ouros da Casa, o craque Iarley, bicampeão mundial interclubes.

Foto de 1952 - Crédito: Site Oficial

Foto de 1957 - Crédito: Site Oficial


A galeria coral já contabiliza mais de 100 conquistas oficiais, entre campeonatos, copas, torneios e taças. São 9 títulos doCampeonato Cearense, incluindo um invicto em 1968 e o bi de 94/95, e 22 vices. No Nordeste, foi também vice em 1971. Foi um dos primeiros clubes de futebol do estado do Ceará a disputar uma competição internacional fora do território brasileiro, em 2007, fazendo a final da Polar Cup, no Caribe, contra o FC Utrecht, da Holanda. Com 28 participações no Campeonato Brasileiro, o Ferroviário já esteve por 6 anos seguidos disputando a Série A

1969 - Ferroviário. A partir da esquerda (em pé): Ribeiro, Luís Paes, George, Wilson Cruz, Roberto e Coca-Cola. Na mesma ordem (agachados): Fernando Consul, Uriel, Alcir, Edmar e Léo. Detalhes: George também brilhou Ceará e na Seleção Cearense. Edmar foi um dos maiores campeões do futebol cearense. Ribeiro foi campeão cearense pelo América em 1966. (Colaboração de Elcias Ferreira). Crédito: Botões para sempre

Interessante salientar que o Ferroviário já disputou competições de Futsal, Basquetebol, Handebol, Futebol de Mesa, Hóquei sobre patins, Atletismo, Ciclismo e Tênis de Mesa. No futebol, principal esporte em que atua, foi o primeiro time da capital cearense a ter sido campeão brasileiro em uma divisão quando ganhou a Série D de 2018.

Década de 1970. Ferroviário Atlético Clube. A partir da esquerda (em pé): Breno, Luís Paes, Simplício, Gomes e Louro. Na mesma ordem (agachados): Mano, Paulo Veloso, Facó, Edmar e Fernando Cônsul. (Acervo de Elcias Ferreira). Crédito: Botões para sempre

Alcunhas do Ferroviário:

  • Tubarão da Barra
  • Peixe
  • Ferrão
  • Ferrim
  • Erreveceano
  • Time do povo
  • Time proletário

Foto de 1965 - Crédito: Botões para sempre

Foto de 1970 - Crédito: Botões para sempre

Com a palavra, o fundador:

Vou falar sobre o Ferroviário, precisamente do Ferroviário Atlético Clube. Nascido em 1933, fruto da junção das equipes “Matapasto” e “Jurubeba”, recebeu, na pia batismal, o nome de Ferroviário Football Clube, mas, na confirmação da crisma, fiz substituir o Football por Atlético.

Antes que me perguntem, vou dar, para vocês, esta explicação primordial. Iniciava-se o ano de 1933, quando a direção da Rede de Viação Cearense autorizou a execução de serviços extraordinários nas oficinas do Urubu, para a reparação de locomotivas, carros e vagões, durante um expediente noturno, que começava às 18 e terminava às 20 horas. Como o expediente normal expirava às 16h25min, os operários mais jovens que residiam longe dali (Barro Vermelho, Soure, Otávio Bonfim, Quilômetro 8, Parangaba e Mondubim) resolveram aproveitar a hora de folga para a prática de futebol; na preparação do campo, a relva retirada do espaço a ele destinado, era constituída de mata-pasto e jurubeba.

Foto de 1979 - Crédito: Botões para sempre

A verve operária, que era fértil, escolheu, então, estas plantas medicinais para denominação das duas onzenas que se defrontavam todas as tardes, no campo improvisado. As traves das metas eram roliças, confeccionadas que foram com tubos inservíveis, retirados de caldeiras das “Marias-fumaça”. Com aquele “timezinho” cognominado apenas de Ferroviário, eles, os operários-atletas, ou melhor, pebolistas, foram aos subúrbios onde realizaram partidas amistosas, com real proveito para a harmonia do conjunto, tudo sem qualquer interferência da minha parte.

Foi, então, que deliberei fazer dele gente, como se diz na gíria. Reuni operários, meus companheiros, promovi sessão com livro para a lavratura de atas, fiz um retrospecto da agremiação que surgia, completei o nome desta e disse-lhes da importância daquela reunião, como fator auspicioso para projeção da classe ferroviária. Era pretensão minha que tal ocorresse a 9 de novembro, quando eu completaria 26 anos, mas o entusiasmo exigiu a antecipação e não perdi tempo, marcando o dia para 9 de maio, exatamente 6 meses antes de 9 de novembro. Parti, então para a nova missão, aproveitando as horas disponíveis da minha atividade funcional.

Foto de 1988 - Crédito: Botões para sempre

Fui tudo no Ferroviário, menos presidente, porque nunca quis sê-lo. Fui pai, mãe, babá e, sobretudo, seu educador, disciplinando-o, pois a equipe suburbana era useira e vezeira em tomar o apito do árbitro, quando a decisão deste não lhe fosse agradável. Acabei com essa prática danosa ao seu comportamento, o time se fez clube, cresceu e está aí, vencendo os tropeços e dando alegrias a todos nós, seus torcedores.
Valdemar Caracas - 1994


Créditos: Site Oficial, Wikipédia e Botões para sempre.

Solar da família Gentil - Atual Reitoria da UFC

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José Gentil Alves de Carvalhonasceu em Sobral em 11 de setembro de 1867. Foi o maior empresário do Ceará. Em 1909, já residindo em Fortaleza, adquiriu a chácara de Henrique Alfredo Garcia, na Av. Visconde de Cauipe (atual Avenida da Universidade), no Benfica.

A casa que existia no local foi demolida em 1918. No terreno, José Gentil ergueu, no mesmo ano, um belíssimo palacete para ser a sua residência. O projeto foi do Dr. João Sabóia Barbosa. Em torno do palacete, José Gentil construiu vilas e ruas com residências de vários tamanhos e estilos, praças e áreas verdes.

Lugar que ficou conhecido como Gentilândia.

Família do Coronel José Gentil no palacete que hoje é a Reitoria da UFC. 
Foto de 1953.

Em 1956, a propriedade foi comprada pelo primeiro reitor da UFC, Prof.Antônio Martins Filho, da Imobiliária José Gentil S/A pertencente aos herdeiros de José Gentil.

Ampliação do Solar da família Gentil
(já adquirida pelo reitor) em 1964.

De acordo com o site oficial*, um ano após a compra, o Reitor Martins Filho resolveu demolir o casarão, construído em 1918, mandando projetar, pelo Departamento de Obras da UFC, a atual sede da Reitoria. Conforme sugestão do Reitor, o projeto elaborado pelo departamento de obras mantinha as mesmas linhas arquitetônicas da casa construída segundo o plano do Dr. João Sabóia Barbosa. O palacete projetado consta de duas alas laterais unidas por um corpo central conservando a torreta que já existia no projeto de João Sabóia.


Casa de José Gentil - Reitoria UFC - Nirez


O interior do palacete foi enriquecido pelo Reitor com duas escadarias de bronze e latão. Móveis de estilo foram adquiridos, assim como lustres de cristal, alguns comprados na Bahia, para ornamentação de vários salões.

Reitoria em 1965

No terreno onde se encontra a atual Reitoria da UFC, ergueiram-se duas casas, posteriormente demolidas para dar espaço às atuais proporções do parque em torno do edifício e possibilitar a construção da Concha Acústica.

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Usina Ceará - Fábrica Siqueira Gurgel

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A Empresa, fundada por Teófilo Gurgel Valente e Antonio Diogo Siqueira, a 24 de outubro de 1924, Siqueira Gurgel S.A, Comércio e Indústria constitui uma das mais conceituadas e tradicionais empresas de nosso Estado.


Em meados da década de 70, sob a direção de Moysés Santiago Pimentele Júlia Geraci de Mello, a Siqueira Gurgel, elevando consideravelmente a sua produtividade, mantendo a qualidade dos seus mais antigos produtos, realizou lançamentos de repercussão nacional.

Terra Cearense - 1925

Linha de Produção: O mais importante lançamento da Siqueira Gurgel, no ano
de 1977, foi o SABLET, denominação escolhida para simbolizar uma conquista excepcional dessa empresa no campo em que tradicionalmente vinha atuando. Realmente, esse novo tipo de sabão em tablete foi o resultado de longos anos de experiência. A excelente qualidade do produto, foi possível graças ao moderno equipamento que a empresa possuía — o primeiro do gênero no Ceará. Anteriormente, os produtos similares consumidos em nosso Estado, tinham que ser importados do sul do País ou da —Bahia, Pernambuco, Maranhão e ParáCom a trilogia PAVÃO (sabão marmorizado), PAJEÚ (óleo comestível) e SABLET (sabão tablete), a Siqueira Gurgel alargou a suas perspectivas no mercado nacional, estabelecendo uma linha bastante avançada, constante de óleos vegetais comestíveis e industriais de algodão, babaçu e tucum, bem como sabões, sabonetes e glicerina.

O Mercado: A Usina Gurgel (Usina Ceará), que daria origem à Siqueira Gurgel S. A. Comércio e Indústria, já em 1921, demonstrava o seu pioneirismo na fabricação de óleos e sabões, adquirindo equipamentos na Inglaterra e Estados Unidos e contratando os serviços de um químico inglês, visando elevar à qualidade dos seus produtos. Com essa preocupação, essa empresa pôde conquistar a preferência do mercado regional, hoje se estendendo à sua atuação aos mais longínquos pontos do território nacional. 


Como tudo começou

A decisão de constituir a firma Siqueira Gurgel, que teria como objetivo a fundação de uma grande fábrica de óleos vegetais e sabão, por parte das firmas A. D. Siqueira & Filho (de Antônio Diogo de Siqueira), Theophilo Gurgel Valente, Philomeno Gomes & Cia., Proença & Cia. e José Lauriaadveio da percepção de certos fatos, por parte de seus proprietários, quando partilhavam a experiência da instalação de um escritório comercial, cuja finalidade era a distribuição, no Ceará e fora dele, por um regime de quotas, dos sabões produzidos nas fábricas pertencentes a cada um deles. 

A experiência com esse escritório levou os seus participantes a perceberem que as vantagens para todos, decorrentes dos ganhos de escala, que seriam obtidas pela produção de óleos vegetais, que se destinariam à fabricação de sabões, em uma única e grande fábrica, seriam significativamente maiores que se a produção continuasse a se dar de forma fracionada. A partir dessa percepção, constituíram a referida firma e decidiram instalar a Usina Ceará


Antigo prédio da Usina Gurgel, de Theophilo Gurgel Valente, 
onde seria estabelecida a Usina Ceará.


Reclame veiculado no
Jornal do Ceará em
21 de junho de 1937
O quadro econômico-financeiro para o estabelecimento de tal usina 
mostrava-se extremamente favorável e isto foi também percebido por seus empreendedores: 1) a sua instalação e funcionamento poderiam vir a gozar dos favores concedidos, pela legislação federal e estadual em vigor, aos beneficiadores e/ou exportadores de algodão e subprodutos; 2) a cotonicultura cearense vivia momentos de grande prosperidade, o que significaria uma oferta de matérias-primas farta e barata e uma grande possibilidade de bons negócios de exportação; 3) os capitais já acumulados nessa fase de prosperidade, por seus empreendedores, com o beneficiamento e a exportação de algodão, bem como com a fabricação de seus subprodutos (fios, tecidos, óleos e sabões) financiariam os investimentos necessários para o seu rápido estabelecimento; 4) o amplo mercado interno para o sabão, cuja demanda crescera muito em decorrência da elevação da renda no  Estado - resultante da conjuntura favorável que estava a viver o seu comércio exterior e ainda dos vultosos gastos públicos da política de combate à seca do Governo Epitácio Pessoa (1919-1922) - e do crescimento da sua população, sobretudo a da capital.


Fachada da Usina Gurgel na avenida Bezerra de Menezes com avenida José Bastos, hoje Avenida José Jatahy. Arquivo Nirez

A Siqueira, Gurgel, Gomes & Cia. Ltda. foi constituída, em 24 de outubro de 1924, como uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada, com o capital inicial de 1.500 contos de réis, divididas em 150 quotas iguais de 10 contos, assim distribuído entre os sócios: Theophilo Gurgel Valente -30 quotas (300 contos); Philomeno Gomes & Cia. -30 (300 contos); A. D. Siqueira & Filho -30 (300 contos); Proença & Cia. -30 (300 contos); e José Lauria -30 (300 contos).
Os capitais que lhe deram origem eram exclusivamente os de seus sócios, não recebendo a firma no momento de sua constituição, ou depois, qualquer auxílio financeiro dos governos federal e estadual. Do mesmo modo, não usufruiu ela de nenhum dos favores da legislação já referida, tendo-se notícia apenas de que o governo estadual lhe concedeu, pela Lei nº 2.305 de 23/10/1925, isenção, por 15 anos, de todos os impostos de carácter estadual, para uma fábrica de artigos de
perfumaria a ser instalada na Usina Ceará.



A Firma Theophilo Gurgel Valente, como parcela de sua quota na sociedade, cederia o terreno e algumas instalações já pertencentes à Usina Gurgel*, no Bairro do Matadouro, onde seria estabelecida a Usina Ceará. Por sua vez, todas as firmas pertencentes à sociedade cederiam as máquinas que já utilizavam em suas respectivas fábricas de óleos e sabão, de modo que, de início, não houvesse necessidade de adquirir máquinas novas para a usina e ficassem as despesas, relativas à sua instalação, praticamente reduzidas às da construção de seu prédio. Esse procedimento, adotado pelos sócios, tornou possível a rápida entrada em atividade da usina, já em 1925.

Fábrica Siqueira Gurgel Ltda na Avenida Bezerra de Menezes com José Jatahy. Hoje no local se encontra o Big Bompreço. Anuário do Ceará de 1975. Acervo: Herlanio Evangelista

Foto aérea da Usina Ceará, Siqueira Gurgel & Cia Ltda, Bairro Farias Brito, em 1954. Acervo William Beuttenmuller

Com a entrega de todas as suas máquinas e equipamentos à Siqueira, Gurgel, Gomes & Cia. Ltda., todos os seus sócios se obrigaram, por cláusula contratual, a não mais atuar no ramo de óleos e sabão, não apenas enquanto permanecessem como sócios, mas também depois de suas retiradas da firma. Com isso, a Usina Ceará passou a ser, praticamente, a fabricante exclusiva de óleos e sabão em Fortaleza e a maior desse último produto em todo o Estado.



Em 1927, a Usina Ceará consumiu 3.606.273 kg de caroço de algodão, para produzir 3.146.543 kg de resíduo, 42.329 kg de línter e 354.558 kg de óleo, que eram destinados, integralmente, à sua fabricação de sabão, cujo volume de produção, desse ano, não consta na fonte onde foram encontrados tais dados (Relatório do Presidente José Moreira da Rocha de 1928).

Arquivo Nirez

Em 1928, segundo dados da Revista dos Industriais, essa usina produzia, mensalmente, 420t de resíduo em pasta (que eram exportadas, em parte, para outros estados e exterior), 60t de óleo de algodão, 40t de óleo de mamona, 400 t de sabão (destinadas a Fortaleza e ao resto do Ceará), além de 600t de sílex, ocupando 800 operários.

A partir de setembro de 1927, a Usina Ceará passou a pertencer apenas às firmas A. D. Siqueira & Filhos e Theophilo Gurgel & Cia. devido à retirada dos outros sócios: em 14/06/1926, registra-se a retirada de José Lauria da sociedade da Siqueira, Gurgel, Gomes, & Cia. Ltda. e, em 1927, respectivamente nos dias 16/03 e 05/09, as saídas das firmas Proença & Cia. e Philomeno Gomes & Cia. Com a retirada dessa última firma, será constituída uma nova firma denominada Siqueira & Gurgel Ltda., em substituição a Siqueira, Gurgel, Gomes & Cia. Ltda., que permanecerá com o mesmo capital de 1.500 contos de réis da firma extinta, tendo o total de suas 150 quotas ou ações a seguinte divisão: A. D. Siqueira & Filhos (72,75%) e Theophilo Gurgel & Cia. (27,25%). 

Reclame da Usina Ceará, publicado no Almanaque do Ceará, de 1930.


Anuário do Ce, 1977.  Renato Pires

Pedro Philomeno Gomes
, ao se retirar de tal firma, sairia definitivamente do ramo de óleos e sabão, passando a se dedicar apenas ao ramo cigarreiro e têxtil. Já Amarílio Proença, o sócio realmente atuante da Proença & Cia, na Usina Ceará, voltaria a atuar na indústria de óleos e sabão, posteriormente, não com a reativação da Fábrica Proença, mas como sócio, novamente, da Siqueira & Gurgel Ltda., a partir de 1930.
Com isso continuaria a Usina Ceará a ser, praticamente, a única grande produtora de óleo de caroço de algodão e sabão, no Ceará, até o surto de fundações de fábricas de óleos na década de 1930.

Em 1930, além de instalações para produzir óleos, resíduos, tortos e sílex, a Usina Ceará dispunha de modernas instalações, com capacidade para beneficiar 200 t de algodão, produzir 20 t de fios grossos para redes e cordões para embrulhos e 10 mil redes, mensalmente (Almanaque do Ceará de 1930). Posteriormente, adicionaria a essas atividades a produção de adubos agrícolas e farinha de ossos (Almanaque do Ceará de 1932).

Como as espécies de sabão produzidas pela Usina Ceará eram de baixa qualidade, teve ela sérios problemas, nos anos imediatos à sua instalação, com a concorrência no mercado cearense que lhe foi imposta pela Saboaria Amazônia (de Soares & Carvalho). Tal saboaria, situada no Pará, produzia sabões de melhor qualidade (os seus famosos sabões das marcas Borboleta e Tartaruga), que tinham maior aceitação que os da Usina Ceará nos segmentos populacionais de maior renda do Estado, sobretudo nos de Fortaleza. A estratégia encontrada, pelos dirigentes da Usina Ceará, para escapar dessa concorrência, foi a concentração das vendas de seus produtos nos mercados de baixa renda do interior cearense, para onde seguiam via E. F. de Baturité. Somente com a elevação da qualidade de seus sabões, conseguida com a aquisição da fórmula do sabão Borboleta, da Saboaria Amazônia, através do filho de um de seus sócios, que se desentendera com o pai, a Usina Ceará livrou-se definitivamente dessa incômoda competição. Superada essa crise inicial, a Usina Ceará sobreviveria até a década de 1990, mudando diversas vezes de proprietário. 

Os produtos da Siqueira Gurgel foram e são populares entre os cearenses. Os nomes dos produtos fabricados, tais como o sabonete Sigel, o óleo Pajeú, a gordura de coco Cariri e o famoso sabão Pavão, fazem parte da cultura do Ceará. Um dos textos de um dos famosos jingle do sabão Pavão, sobrevive na alma cearense:
"Uma mão lava a outra com perfeição, e as duas lavam a roupa com sabão Pavão".


Intervalo Sabão Pavão em 1994

O nome da personagem estampada na embalagem do óleo Pajeú, a
Neguinha do Pajeú, transformou-se em uma expressão bastante usada pelos cearenses para nomear uma pessoa sapeca e sem modos. A propaganda ficou famosa por trazer pessoas com fantasias vulgares de peixes e vegetais, dançando ao som do jingle da propaganda enquanto eram preparados em uma panela gigante.

Publicidade do Óleo Pajeú, publicada no Jornal O POVO em 12/05/1973. 

Chegou o novo Pajeú.

É um amor!

O novo Pajeú é o amor das donas de casas e das cozinheiras.

Leve! Delicado! Puríssimo!

E fazendo charme em sua nova embalagem cilíndrica: muito mas prática, fácil de usar, econômica.

Novo Pajeú é um amor!

Óleo Pajeú, um produto Siqueira Gurgel S.A.

Gif


Publicidade do Sabão Pavão, publicada no jornal  O POVO em 26.02.1930 

Sabão Pavão
Cuidado com as imitações grosseiras
Só é legítimo o que for consistente (duro) e tiver o carimbo:

PAVÃO

E os dizeres: Siqueira e Gurgel, LTD

Outros produtos que também fizeram muito sucesso entre os cearenses:

Rótulo do Sabão Elephante. Arquivo Nirez

Rótulo do sabão Águia. Esse era o rótulo da caixa de madeira. Arquivo Nirez

Rótulo do Sabonete Sigel, nome extraído da firma que o fabricava, Siqueira Gurgel. 
Arquivo Nirez

Rótulo do Saponáceo Pavão. "Saponáceo era um tijolo para fazer limpeza na hora de lavar a louça, substituía o Bombril." Nirez

No final dos anos 90, a Siqueira Gurgel foi vendida para a família Viana e as instalações da fabrica foi transferida para Caucaia. O terreno da avenida Bezerra de Menezes com José Jatahy (antiga José Bastos), onde funcionou a fabrica, foi vendido para a rede de supermercados Bompreço.

Usina Ceará , de Siqueira & Gurgel LTDA no Bairro Otávio Bonfim.
Registro de 1941. Acervo William Beuttenmuller

No dia 05 de dezembro do ano 2000, é então inaugurado, no local antes ocupado pela Siqueira Gurgel, o Hiper Bompreço.

Em 2004, a Siqueira Gurgel, já na nova sede, em Caucaia, foi premiada com o prêmio Delmiro Gouveia, um prêmio que elege as cem maiores empresas do Ceará, a Siqueira Gurgel ficou na colocação 94 entre os 100.


Fundada, em 12 de outubro de 1919, a Usina Gurgel, da firma Teófilo Gurgel Valente, em solenidade que contou com a presença do presidente do Estado, João Tomé de Sabóia e Silva, o governador do Arcebispado, monsenhor Joaquim Ferreira de Melo, o presidente da Associação Comercial do Ceará, coronel José Gentil Alves de Carvalho, o diretor da Rede Viação Cearense, Henrique Eduardo Couto Fernandes, etc.


Crédito: https://www.institutodoceara.org.br/
Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Roteiro para um turismo histórico e cultural - 2005/Diário do Nordeste/ Biblioteca Nacional Digital Brasil/ Anuário do Ceará - 1976/ As múltiplas facetas de um marchante: a vida empresarial de Antônio Diogo de Siqueira - Carlos Negreiros Viana

Instituto Médico Legal (IML) - Atual Coordenadoria de Medicina Legal

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Em 10 de novembro de 1986, durante o governo Gonzaga Mota, o Instituto Médico Legal (IML), que até então se localizava na Parquelândia, foi transferido para o bairro Moura Brasil.

Bom, mas vamos voltar um pouco mais no tempo e aprender um pouco sobre a história e a importância desse Instituto para o povo cearense.

No Ceará, a Medicina Legal advêm desde o período colonial, passa pelo período imperial e já no período republicano é instalado o Gabinete Médico-Legal. Porém, um marco é registrado na década de 1950, quando é decretada a lei estadual 8.102/1956, que criou o Instituto Médico Legal (IML). Nesse período, o trabalho é desenvolvido por meio de parceria firmada entre o Governo do Estado e a Universidade do Ceará (atual Universidade Federal do Ceará - UFC). 

As necrópsias eram realizadas nas dependências da primeira sede do curso médico, no Centro de Fortaleza. Já os exames de lesão corporal eram realizados nas delegacias e os de violência sexual, na maternidade estadual.

O então Gabinete Médico-Legal 

Prédio do primeiro Instituto Médico Legal (IML), centro de Fortaleza, rua Liberato Barroso, ao lado do Teatro José de Alencar 

Somente na década de 1970, buscou-se edificação em local exclusivo. Então, em 1975, o prédio destinado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO) – que funcionava no bairro Parquelândia– torna-se a sede do IML. Por ser muito próximo às residências e por ter uma estrutura precária, em 1984, é iniciada a construção do novo IML, inaugurado dois anos depois, na sede onde atualmente funciona a Perícia Forense do Ceará (Pefoce). O marco da medicina legal cearense surge com a inauguração do IML Walter Porto, em 10 de novembro de 1986. No local, eram realizados os exames tanto no vivo, quanto no morto.

Sede do IML na Parquelândia

A partir dos anos 2000, surgem os desafios enfrentados em todo o país, como a expansão dos serviços periciais. Também é nesse período que se inicia o processo de interiorização da medicina legal em núcleos específicos da Perícia. Então, em 2008, foi instinto o IML e surgiu a Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) dentro da estrutura da Pefoce, órgão independente da Polícia Civil, dotado de autonomia administrativa e financeira, vinculado à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

Maquete do prédio sede do IML no Moura Brasil - 
Foto de outubro de 1985. Acervo Daniel Chaves

Construção do prédio sede do Instituto Médico Legal no bairro Moura Brasil, em 1985. Acervo Daniel Chaves

Na Perícia Forense do Ceará (Pefoce), os profissionais da Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) executam inúmeras funções essenciais para o desvendar de um crime ou uma situação suspeita que tenha resultado em morte ou não. O que poucas pessoas sabem a respeito da profissão é que os médicos peritos legistas realizam a maior parte das perícias em pessoas vivas, sendo elas vítimas ou suspeitas de delitos. 
Entre as perícias em pessoas vivas, os médicos peritos legistas atuam na realização de exames de lesão corporal, exame de embriaguez, exames de violência doméstica, exame de acidentes de trânsito, perícias para constatação de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), exames em crimes sexuais, exames cautelares em custodiados, exames de sanidade mental e perícias indiretas em prontuários.

Construção do prédio sede do IML no Moura Brasil.  Acervo Daniel Chaves


Construção do prédio sede do IML no Moura Brasil.
Acervo Daniel Chaves

Na Comel, que é uma das maiores coordenadorias existentes na Pefoce, existem núcleos com equipes de psiquiatria, odontologia, antropologia, tanatologia forense, traumatologia forense e de atendimento especial de mulheres crianças e adolescentes vítimas de violência. Por ser a coordenadoria que realiza exame no ser humano vivo, tem o seu funcionamento 24 horas por dia, “devido à necessidade de ser contínuo e sem interrupção, para atender tanto a demanda pertinente, quanto para garantir a proteção dos direitos fundamentais do custodiado seja que hora for”, explica o médico perito legista e coordenador de Medicina Legal, Hugo Leandro.

Construção do prédio sede do IML no Moura Brasil em setembro de 1986.
Acervo Daniel Chaves

Prédio sede do IML recém inaugurado em novembro de 1986.
Acervo Daniel Chaves

Um dos exames mais frequentes realizados na Comel é o exame de lesão corporal, que pode ser dividido em três situações. A primeira delas é o exame realizado o mais próximo possível do dia do ocorrido, para que se registre as lesões que são encontradas e se vincule ao fato alegado. Existe ainda o exame de sanidade de lesão corporal para saber se há sequelas ou não daquele fato ocorrido, e se aquela sequela gerou alguma limitação física na pessoa, que possa vir a ser usado para determinação ou agravamento de pena ou para classificar dentro da gravidade da lesão (uma lesão que o afaste do trabalho por mais de 30 dias ou afastamento definitivo devido a perda de alguma função). Por fim, existe o exame de lesão corporal cautelar, que é realizado em pessoas que estão sob a custódia do Estado. Esse mesmo exame é feito em quem é preso ou solto, ou ainda no momento em que é transferido e que ocorre algo enquanto ele está sob a guarda do Estado.



Fonte: Livro “Corpus Delicti – Medicina Legal no Ceará”. Autores: médicos legistas Renato Evando Moreira Filho e Sangelo Abreu, https://www.pefoce.ce.gov.br/, Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo.

Série TV Ceará, Canal 2 - Capítulo I - O tempo passou, mas as lembranças ficaram- Por João Ribeiro

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Construção da TV CEARÁ na Aldeota. Na foto, o muro já construído em ritmo acelerado. Jornal Unitário de 1959. 

Emocionante relato de João Ribeiro, fundador do Conjunto musical Big Brasa, sobre a TV Ceará, Canal 2, a pioneira:


Os registros da época sobre a TVCeará Canal 2 são escassos, porque não se tem mais conhecimento de vídeos ou filmes do período, ainda mais por em seu princípio não existia a tecnologia do videotape. Sabedor disso eu, João Ribeiro*, senti a necessidade de compartilhar com todos vocês os momentos e traços de memória de minha vivência nos anos que participei naquela emissora de televisão com o Conjunto Musical Big Brasa. E assim, depois de algum planejamento para organizar as lembranças iniciamos esta série, que compartilho com todos vocês. A fotografia abaixo foi obtida em frente ao prédio da TV Ceará, com os componentes do Conjunto Big Brasa. No pátio onde era erguida a torre de transmissão da emissora, a formação do grupo naquele período: Lucius Maia (contrabaixista), Adalberto Lime (tecladista), João Ribeiro (guitarrista-solo) e Severino Tavares (baterista). 


acervo do Conjunto Musical Big Brasa


Como era o prédio da TV Ceará, você sabe?

Após muitas buscas na Internet na tentativa de conseguir uma planta baixa do prédio, nada encontrei a respeito. Seria necessária uma planta baixa das instalações da TV Ceará para ilustrar os fatos!


Projetei então um simples rascunho da planta baixa do prédio onde funcionou a TV Ceará e a Ceará Rádio Clube, na intenção de fornecer uma ideia bem acentuada de como era o prédio, as instalações, os estúdios, o auditório etc. Esta planta baixa será utilizada em outras publicações, para melhor ilustrar os detalhes. No decorrer desta série procurei relembrar o pessoal que convivemos, nos diversos aspectos e nossas experiências musicais à frente de dois programas da TV Ceará (Show do Mercantile Studio 2). Aqueles que participaram da televisão certamente vão reviver muitas passagens interessantes, ao passo que os que não conheceram podem ter uma ideia muito precisa de como tudo acontecia na TV Ceará Canal 2.


Da TV Ceará Canal 2 nós ainda temos em acervo fotográfico de nosso Conjunto Big Brasa na torre da televisão, imponente, com seus 108 metros de altura, a qual após o encerramento das atividades da emissora foi desmontada e retirada. Temos conhecimento que a maior parte dos registros da TV Ceará, quando foi extinta, foi perdida, o que é lamentável. Um acervo que poderia ter sido preservado para o bem da cultura cearense. Em quase todos aqueles anos iniciais não havia ainda as gravações em videotape. E quando chegaram as primeiras máquinas de VT as fitas para gravação eram poucas e os programas gravados eram apagados em gravações posteriores. E assim se perdeu quase tudo mesmo, infelizmente. Mas nesta série de artigos muita coisa valiosa para a nossa cultura musical será apresentada, como uma contribuição para as lembranças da TV Ceará, Canal 2.


Planta baixa do prédio da TV Ceará, por João Ribeiro:



Continua...

* João Ribeiro da Silva Neto é servidor público federal aposentado, tendo servido na Área de Inteligência do governo federal como Analista de Informações (Oficial de Inteligência). Atualmente é diretor, analista de fatos e editorialista do Instituto Portal Messejana, entidade de utilidade pública. Formado em Música pela Universidade Estadual do Ceará foi também o fundador do Conjunto Musical Big Brasa, de Fortaleza, no ano de 1967. Escreve também para o Blog do João Ribeiro e mantém presença nas diversas redes sociais com a página do Conjunto Musical Big Brasa. No início de 2020 gravou o Álbum Momentos, com canções de sua autoria, inéditas, muitas compostas há quarenta anos. Essas músicas foram distribuídas pelo Proaudio Studio nas principais mídias musicais, dentre eles o Spotify, Deezer etc. Escreveu também três livros sobre a Música no Ceará no período da Jovem Guarda, nos quais discorre sobre a Música em sua vida e sobre a participação do Conjunto Musical Big Brasa no cenário musical cearense. As publicações foram lançadas respectivamente em 1999 e em 2017, quando o grupo completou cinquenta anos de fundação. 


Série TV Ceará, Canal 2 - Capítulo II - Meu primeiro contato com a TV Ceará, Canal 2

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"Quando cheguei a Fortaleza, procedente de minha cidade natal São José dos Campos, em São Paulo, meus pais moraram inicialmente no Bairro de Fátima, perto do Colégio Nossa Senhora das Graças. Pouco tempo depois nos mudamos para a rua Mário Mamede, por trás da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na Avenida 13 de Maio. Em outro período dos primeiros anos moramos perto daIgreja da Sé, em um edifício de apartamentos frente ao antigo Arcebispado



O passeio para conhecer a televisão do Ceará! 

No ano de 1962, com dez anos de idade, lembro que meus pais me levaram para conhecer a televisão, na Aldeota, em Fortaleza – A TV Ceará, Canal 2, da extinta Rede Tupi de Televisão. Os traços de memória desta época se mantiveram, por serem marcantes. Lembro que estive na entrada da TV Ceará e lá me mostraram uma grande artista local, que estava saindo (era a brilhante cantora Ayla Maria, que mais tarde, quando jovem, eu viria a acompanhá-la inúmeras vezes com o nosso saudoso Conjunto Big Brasa e também outras vezes pessoalmente, com o violão, no Teatro José de Alencar e em outros locais de apresentação. Vale dizer que poucas residências possuíam televisores e que a tecnologia foi se expandindo gradualmente.   


Fiquei encantado com aquele passeio e por ter conhecido a televisão de Fortaleza, lógico que apenas na parte da frente e entrada da emissora, passeio demais interessante para mim.  A entrada já era pela Avenida Antônio Sales. Logo na chegada a visão da torre de transmissão, com 108 metros, muito imponente. Achei o prédio da TV Ceará muito bonito e lembro bem que possuía um jardim e uma bela iluminação. Além disso, ressalto que tive a sorte de ter conhecido uma das principais cantoras do Ceará, a Ayla Maria. 

Em São José dos Campos nós já possuíamos televisão desde 1956, sendo que em 1959, visitei e apareci como figurante em um programa infantil em São Paulo, Capital, convidado pelo meu saudoso tio e xará João Ribeiro da Silva Filho (o Tio João, que futuramente seria o embaixador do Big Brasa em São Paulo, nos ajudando na aquisição de equipamentos). Tio João trabalhava naquela época nos estúdios Vera Cruz. E agora, após tantos anos, estamos rememorando algumas lembranças com todos vocês."

João Ribeiro da Silva Neto 


João Ribeiro da Silva Neto ( o Beiró), Músico instrumentista, de formação acadêmica, Sonoplasta e Produtor Musical, dirigente do Conjunto Musical Big Brasa, de Fortaleza, Ceará. O autor, como escritor, produziu também três livros sobre a Música no Ceará no período da Jovem Guarda, nos quais discorre sobre a Música em sua vida.


Continua... 


Leia AQUI a Parte I


30 anos de Mega Imóveis

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A Mega imóveis completa seus 30 anos de história em 2021, com cinco sedes espalhadas pela capital e uma em Juazeiro do Norte, acompanhando todo o crescimento da região do Cariri, garantindo aos seus clientes uma experiência de muito mais facilidade e praticidade na hora de alugar, investindo, para tanto, nas ferramentas e tecnologias necessárias.

Em meio a maior transformação digital vivenciada nos últimos anos, com um consumidor que busca cada vez mais a facilidade ao contratar serviços. A empresa que é reconhecida com uma das mais tradicionais imobiliárias do Ceará, se destaca no mercado como uma das poucas que consegue garantir uma simplificação do processo de locação.

Mesmo que o setor imobiliário ainda seja famoso pela burocracia absurda que emprega, com a cansativa procura pelo imóvel, o trabalho exaustivo e um tanto humilhante de encontrar um fiador, aliado a perda de tempo em cartórios, a Mega Imóveis afirma que tudo isso agora é coisa do passado.

Segundo o sócio-diretor da empresa, Walmar Carvalho Costa, “a Mega Imóveis resolve todas essas questões. Do atendimento, que pode ser on-line, até a assinatura do contrato, ambos feitos à distância e de forma digital.”

Após compreender as necessidades dos seus inquilinos e proprietários, mesmo preservando a experiência acumulada ao longo dos 30 anos, a empresa resolveu dar início a inovação que o mercado imobiliário cearense almejava.

Esta modernização parte significativamente da disposição de novas formas de garantias e a flexibilização da fiança.

“O cliente tem as opções de alugar um imóvel contratando o seguro fiança como garantia da locação, podendo esse ser totalmente gratuito em determinados casos, ou mediante o uso do cartão de crédito.”

Tais alternativas procedem de forma rápida e eficaz, recebendo o inquilino as chaves do imóvel em menos de 24 horas, sem que o proprietário abra mão da segurança do seu negócio.


Site da empresa:megaimoveis.com



Henriqueta Galeno - Quebrando barreiras através do saber e da literatura

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Nascida em Fortaleza, em 1887, a escritora, docente, ensaísta e intelectual Henriqueta Galeno quebrou barreiras ao frequentar espaços que, até então, eram destinados apenas aos homens. Foi ativa nos movimentos culturais, políticos e agremiações literárias da capital. 

Henriqueta é filha deJuvenal Galeno, um dos pioneiros da poesia popular no Brasil

Henriqueta estudou no Colégio Liceu do Ceará e Imaculada Conceição, em uma época em que poucas mulheres frequentavam as escolas, e se formou na Faculdade de Direito, em 1918.

Na trajetória de Uma Literata Feminista, a cearense seguiu caminhos diferentes daqueles trilhados pela maioria das mulheres fortalezenses do seu tempo, ampliando espaços destinados às mulheres e impulsionando reflexões às suas conterrâneas cearenses acerca de seu lugar na sociedade.

A escritora não apenas seguiu por esses caminhos. Por meio da educação, da literatura e do conhecimento, ela incentivou outras mulheres a estarem presentes nos mais diferentes espaços públicos e a participarem das atividades sociais vigentes, além de seguirem na luta pelo direito de escolherem seus próprios destinos. 


Profundamente influenciada pelo pai e movida pela paixão pelo conhecimento e por seus ideais, Henriqueta Galeno fundou, em 1919, o Salão Juvenal Galeno, posteriormente rebatizado de Casa de Juvenal Galeno, espaço de extrema importância para o desenvolvimento da cultura do Ceará
No local, funcionou ainda a Ala Feminina, que reunia escritoras, poetas e ensaístas do período.


Henriqueta (de preto) e a Ala Feminina da 
Casa de Juvenal Galeno

Durante sua trajetória, Henriqueta também se dedicou a produzir ensaios, estudos e artigos que, por sua vez, eram publicados em jornais e revistas da capital cearense. 

Foi membro atuante da Associação Cearense de Imprensa e ocupou a cadeira nº 23 da Academia Cearense de Letras, tendo como patrono ninguém menos que seu próprio pai, Juvenal Galeno

Um dos maiores legados de Henriqueta foi essa bandeira de luta em reconhecimento ao valor da inteligência feminina. 
  



A editora Henriqueta Galeno, criada em sua homenagem, foi outro marco, que estimulava as mulheres, além de escritores, a produzirem suas obras, assim como ela sempre fez questão de fazer.
Henriqueta também prestou um serviço de valor inestimável, que foi abrir as portas da Casa Juvenal Galeno para acolher os intelectuais cearenses, verdadeiro templo cultural.
Henriqueta faleceu em 10 de setembro de 1964. Em sua homenagem, batizaram uma rua do Cocó com seu nome.



Henriqueta Galenoé mais um desses casos de cearenses notáveis que mostraram para o Brasil– e o mundo – aquilo que temos de melhor. 
Sua trajetória é motivo de orgulho. Orgulho este que se estende a todos os artistas e pensadores que brilham, fazem e acontecem. 



Fortaleza 295 anos

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Há 295 anos, em 13 de abril de 1726, Fortaleza era elevada à categoria de vila!

Para o aniversário deste ano, separei alguns pontos históricos e acontecimentos marcantes para homenagear nossa linda cidade. ❤




Observação: Estou um pouco rouca, mas não tinha como não fazer essa singela homenagem para a nossa Fortaleza, espero que entendam!


O cassino online tem vantagens reais?

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Todos nós sonhamos em ganhar jackpot em um cassino sofisticado, certo?

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Vamos lá?

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As atividades de lazer em Fortaleza na época da Belle Époque

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Av. Visconde de Cauipe nos anos 20. Acervo Fco Olivar

Na segunda metade do século XIX, Fortaleza finalmente se consolida como uma das cidades mais desenvolvidas do Ceará e principal centro urbano econômico do Ceará e neste cenário de transformações, a capital também é inserida na Belle Époque
Segundo Sebastião Ponte,“No que concerne a Fortaleza essa pretensão remodeladora desenvolve-se a partir de 1860, impulsionada pelo aumento da exportação algodoeira verificada à época” (PONTE, 2007, p.163). 

Rua Conde D'Eu nos anos 20.
Isso porque os Estados Unidos estavam em plena Guerra da Secessão e a “demanda de algodão norte americano foi suspensa temporariamente para Europa, aumentando a procura pelo algodão cearense” (PONTE, 2007, p.163). 
Fortaleza era no final do século 19, o principal centro urbano do Ceará e um dos oito primeiros do Brasil. A partir de então Fortaleza entra num processo de reforma urbanística e de “civilização”, e civilização naquele momento representava modernidade e progresso como afirma o historiador Paulino Nogueira, Fortaleza mais parecia uma “fênix renascida, cheia de mocidade e encantos” (NOGUEIRA, apud PONTE, 2007, p.45), pois agora tinha: 

Passeio Público, praças arborizadas, templos majestosos, edifícios elegantes, tantas e tantas ruas alinhadas, calçamento, iluminação a gás, linhas de bondes, carros de aluguel, hotéis, quiosques, clubes prado, corrida de touros, a cavalo e à bicicleta, quermesses bazar e demais novidades. (NOGUEIRA, apud, PONTE, 2010, p.45).

Passeio Público

Depois das reformas urbanas, a cidade agora estava irreconhecível, diferente do que se conhecia há pelo menos 50 anos atrás. Fortaleza antes era uma “cidade muito pequena,... de ruas tortuosas e casa ordinárias, apresentava um aspecto desagradável ao passageiro que a via...” (KIDDER, apud CORDEIRO, 2007, p.136).

Segundo Kidder, agora a cidade tinha um"progresso espantoso, já [era] uma grande e bela cidade, tinha magníficos edifícios, quartel militar, casa de caridade uma grande cadeia e uma catedral magnifica” (KIDDER apud CORDEIRO, 2007, p.136).

Sebastião Ponte afirmou em se livro Fortaleza Belle Époque que “tais reformas visavam alinhar os centros urbanos locais aos padrões de civilização e progresso disseminados pelas metrópoles europeias” (PONTE, 2010, p.17).

Fortaleza nos anos 20. Detalhe para o belo bangalô ao fundo. 

Seguindo ainda esta afirmativa Ponte revela ainda que:

Em Fortaleza, o movimento de remodelação urbana impulsionou-se com o Mercado de Ferro (1897), o“arfomoseamento” das principais praças (1902-3) e a construção do requintado Theatro José de Alencar(1910). A onda remodeladora acabou por conferir à zona central da cidade um harmonioso conjunto urbano, complementado com a edificação de mansões, prédios públicos e dois grandes cinemas – em sua maioria, construções marcadas pelo ecletismo arquitetônico, estilo então em voga no País (PONTE, 2010, p. 20).

Teatro José de Alencar

Para dá inicio a essas novas reformas urbanas em 1875, o arquiteto Adolfo Hebsteré contratado para desenhar a nova planta da cidade de Fortaleza seguindo o modelo em traçado xadrez elaborado por Silva Pauletem 1818 e inspirado no modelo do Barão de Haussman feito anteriormente em Paris e conforme o autor Ponte (2010):

Praça da Lagoinhas. Ao fundo vemos a Av. Imperador

Apesar de não ser um projeto inteiramente original, [...], tratava-se de um estudo decisivo para a capital dali para frente, pois ampliava-lhe o traçado para além de seus limites de então e conferia-lhe 3 boulevards (as atuais avenidas do Imperador, Duque de Caxias e D. Manoel) margeando o perímetro central. A finalidade de tais avenidas era, num futuro breve, facilitar o escoamento do movimento urbano, [...]. Por seu lado, o principal objetivo da nova Planta era disciplinar a expansão de Fortaleza, o que, de fato, consegue, pelo menos até 1930. 

Avenida Dom Manuel - Arquivo Nirez

Seguindo este pensamento o governo propôs medidas saneadoras e higienistas, além de adotar um código de posturas que determinava normas e hábitos que deveriam ser adotados pelos fortalezenses, tudo isso inspirado no modelo europeu.

Aliás, o enxadrezamento da cidade era uma das medidas higienistas que expressavam a necessidade de amplos logradouros que facilitassem a circulação das correntes de ventos, pois o ar contaminado era considerado como o principal disseminador das mais terríveis doenças epidêmicas.

Quimoeiro na rua Floriano Peixoto, antiga rua Pitombeira 
na década de 20.

Quimoeiro na Floriano Peixoto
Como principais medidas saneadoras houve a construção dos espaços destinados ao lazer, assim como houve a construção de asilos, cemitérios afastados da cidade, para se evitar a contaminação do ar e o afastamento dos mais pobres do perímetro central.
Mas mesmo com tantas medidas “preventivas” a população não podia prever que o surto de varíola e outras doenças dizimariam boa parte dos habitantes da cidade, por conta das contaminações pelo precário sistema de esgoto, aliás, na verdade nem existia sistema de esgotos, o que existiam eram as fossas domésticas nos quintais das casas, e quando enchiam essas fossas eram esvaziadas pelos “quimoeiros” conhecidos assim por transportarem os dejetos em depósitos chamados quimoas, estas figuras eram responsáveis também pela disseminação de doenças, pois quase sempre estavam bêbados e deixavam cair parte dos dejetos pela cidade, espalhando o mal cheiro e contaminado o ar, além disso, tudo era despejado no mar. (PONTE, 2007).

Em 1865 e 1870 entra em cena um novo código de posturas de Fortaleza, estes tinham por objetivo prever normas disciplinares a população e impor medidas saneadoras, principalmente aos mais pobres, que era vistos como os agentes insalubres da cidade.

Continua...


Crédito: Artigo 'As atividades de lazer na Fortaleza Belle Époque' de Kamylla Barboza Evaristo


Deixa eu te contar...

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Em 1941, Manuel Olímpio Meira (Mais conhecido por Jacaré) e mais três jangadeiros - Mestre Jerônimo (Jerônimo André de Souza), Tatá (Raimundo Correia Lima) e Manuel Preto (Manuel Pereira da Silva) - saíram do Ceará com destino ao Rio de Janeiro. Foram reivindicar junto ao Governo de Getúlio Vargas, melhores condições para a comunidade de pescadores de sua região, tentando fazer com que sua profissão fosse reconhecida e os pescadores pudessem obter seus direitos trabalhistas.

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